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As primeiras navegações no Lago

 

 

Antes da construção da usina, a cidade de Foz do Iguaçu possuía apenas duas ruas asfaltadas e cerca de 20 mil habitantes. Com a construção da Itaipu, em dez anos, a população passou para 100 mil habitantes. Aos poucos a população de Foz do Iguaçu começou a se dar contar desta mega construção que se erguia na cidade. A Itaipu passa então a ser uma realidade irreversível. Todos tentavam imaginar o resultado da obra depois de pronta, e, neste momento, tiveram a visão de que o reservatório poderia ser explorado como um potencial náutico. Em um lampejo empreendedor, o Sr. Admir Dacorreio, (que se tornaria um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da vela na região) visando explorar o lado náutico do futuro reservatório, armou um barco a vela para vender na empresa em que era gerente. Este fato acabou gerando uma série de expectativas na pequena população iguaçuense e nos municípios vizinhos, pois se tratava de uma idéia nova, haja vista que apesar da pesca e das embarcações a motor já se encontrarem em plena atividade na região, a vela em geral, nesta época, era somente praticada no litoral, na praia e no mar, não havendo qualquer intuito, condição ou preocupação de difundir o esporte no interior até então.

Após a formação do Lago de Itaipu, através da conclusão das obras da barragem de Itaipu, tornou-se viável a prática do esporte a vela na costa oeste do Paraná. Dacorreio iniciou o processo de aprendizagem de forma espontânea pelo lago no dia 15 novembro de 1982, juntamente com seus amigos aventureiros, conforme seu relato:

 “... apesar de que estava em um dia de chuva, não tinha vento, estrada com lama, mas acontece que tinha uma pessoa de Curitiba aqui (Foz do Iguaçu), e ele tinha um barco igual ao nosso e sabia montar o barco e dar uma velejada pelo menos, e nós não sabíamos nada, então nós não poderíamos perder a oportunidade. Era um feriado, e no outro dia ele iria embora, com chuva ou sem chuva nós tínhamos que entrar na água para ele nos ensinasse como que “andava”, para testar e ver se era aquilo mesmo que queríamos, para depois continuar os treinos”.

A experiência foi tão positiva para o desenvolvimento do esporte na região, que em alguns meses já havia um número razoável de pessoas interessadas em praticar esta atividade, mesmo sem a existência de ter um local apropriado para alojar os barcos. Aos poucos, novos barcos a vela começaram a chegar a Foz do Iguaçu e as famílias dos velejadores começaram a frequentar o local com regularidade, tendo quase todo final de semana alguém velejando. Com isso, se formou a primeira flotilha de velejadores do lago de Itaipu.

Nos dias 15 e 16 de janeiro de 1983, aconteceu o primeiro curso de vela na cidade de Foz do Iguaçu, organizado pela empresa HM, que teve um instrutor de São Paulo de uma empresa de Hobie Cat (classe do iatismo), e outro instrutor de Curitiba. No dia 15 de janeiro, aconteceu a aula teórica no pátio da HM. No dia 16, houve aula prática onde hoje se encontra o bairro Alto da Boa Vista em Foz do Iguaçu. No encerramento do curso, foi feito um churrasco para confraternização, que contou com cerca de 100 pessoas, entre elas estavam velejadores, familiares, funcionários e clientes da empresa HM. Este curso teve grande participação do público, conforme relato do Sr. Admir Dacorreio:

“... convidamos o pessoal conhecido e os clientes da loja, e fizemos uma grande festa. Daí, neste dia (16/01/83) colocamos todos os barcos na água. O instrutor de São Paulo trouxe dois barcos hobie cat 14, nós já tínhamos três barcos, montamos todos, colocamos na água e navegamos.”  

Este evento teve como objetivo promover o crescimento da flotilha, sendo que todos os velejadores deste primeiro curso eram então convidados para todos aos finais de semana ir até o lago velejar, dando assim continuidade a seus treinamentos.

Com este impulso inicial, os velejadores começaram a organizar seus próprios eventos, tendo em média uma regata a cada mês. Então organizaram uma regata fixa no mês de dezembro, que ficou conhecida como Regata da Marinha, com o intuito de, a cada ano realizar este evento para que as pessoas tivessem maior interesse. Os velejadores de Foz do Iguaçu não queriam velejar apenas por lazer, eles queriam velejar em formato competitivo, com isso, no ano de 1984 o velejador Admir Dacorreio disputou seu primeiro Campeonato Paranaense da classe Laser, na cidade de Antonina.

Neste meio tempo, velejadores de outras localidades também começaram a velejar no Lago de Itaipu seguindo o exemplo dos velejadores iguaçuenses. Em algumas cidades do Paraguai e algumas cidades do Paraná, como Marechal Cândido Rondon e Santa Helena viam-se então os primeiros passos no esporte. Com o extenso desenvolvimento da vela no Lago de Itaipu outras cidades que possuíam lago, começaram a ter adeptos pelas embarcações a vela, como Cascavel e Londrina.

Até o ano de 1985, os velejadores de Foz do Iguaçu não tinham ainda uma estrutura de apoio em terra que viabilizasse a navegação. Quando o Lago de Itaipu chegou à cota de 220 metros acima do nível do mar, o melhor local que estes velejadores tinham para a montagem dos barcos ficou submerso pelo lago, e neste local foram realizadas diversas regatas, até mesmo uma travessia no Lago de Itaipu no ano de 1985, com a participação de velejadores de Curitiba, Cascavel, do Paraguai e da Argentina, totalizando 96 barcos de diversas classes. Então, tiveram que procurar uma nova área para realizar seus treinamentos, e encontraram onde hoje se localiza o Terminal Turístico de Três Lagoas na cidade de Foz do Iguaçu.

 

No final do ano de 1985, surgiu às margens do lago o Iate Clube Lago de Itaipu – ICLI, neste período os velejadores de Foz do Iguaçu estavam treinando para disputar campeonatos importantes como, por exemplo, o estadual e o regional e, tinham até mesmo organizado a Associação Iguaçuense de Vela. Com isso, os diretores e fundadores do ICLI tiveram a idéia de agregar os velejadores do lago para somar forças ao clube. Havia três anos que estes velejadores estavam navegando sobre o Lago de Itaipu sem qualquer estrutura para as embarcações, tais como: Hangar para a guarda dos barcos, lugar apropriado para a montagem do barco e da vela, fácil acesso ao local e fácil acesso dos barcos no lago. Este convite veio a contribuir com o desenvolvimento da vela no lago, pois o ICLI era um local de fácil acesso. Neste ano, o número de velejadores que era de aproximadamente 15, aumentou aos poucos, devido ao fato de que os funcionários de Itaipu, que eram os diretores do clube na época, começaram a velejar, pois a movimentação da vela era constante nesta transição. Novas pessoas se tornaram sócias do clube impulsionadas pela prática do esporte no local, tais como: o Capitão do Exército de Florianópolis que trouxe ao clube uma embarcação da classe Laser, e o Chefe do Ministério da Agricultura de Foz que trouxe um Hobie Cat 14. Com o ingresso de outros velejadores ao clube, novas instalações foram surgindo para aumentar a popularidade do iatismo na região.

Devido à diferença quanto aos objetivos na prática do esporte (a grande maioria praticava por lazer e a minoria por esporte, não havendo regularidade nos treinos), e à faixa etária dos velejadores, começou-se a pensar que o futuro da vela no clube e cidade, estava em incentivar as crianças a ingressar no esporte. Em 1989, o clube comprou sete barcos usados da classe Optimist (Com os nomes: Fofão, Feana, Moby Dick, Camilla, Gusga e Bacana) na cidade do Rio de Janeiro. Então, em agosto de 1989, o clube organizou um curso de vela para os filhos dos associados. Passado o curso, não houve continuidade nos treinamentos. Então se passaram vários anos sem um curso de vela para as crianças, e apenas os adultos permaneceram treinando. Neste período apareceram alguns velejadores empolgados em ajudar a divulgar a vela na região para aumentar o número de velejadores, principalmente em incentivar as crianças. 

Admir Dacorreio e Florêncio Godoy
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Mesmo com as divulgações da futura escolinha de vela do clube, através do jornal informativo do ICLI, não se encontrava alunos o suficiente para formar turma, para assim inaugurar a escolinha de vela. Então no final de 1998, o Sr. Admir Dacorreio reuniu suas duas filhas adolescentes, sem qualquer planejamento ou projeto, e foram ao clube treinar na classe Optimist. Surpreendentemente, a estratégia acabou dando certo, pois as garotas aprovaram. Com este exemplo outras crianças do clube despertaram interesses, e com algumas semanas cerca de oito crianças já participavam da escolinha de vela do clube, chegando a 11 velejadores na classe Optimist, entre meninos e meninas, nos primeiros meses. Esta equipe realizava seus treinamentos nos finais de semana e corriam regatas organizadas pelo ICLI a cada mês, chegando a disputar um evento regional, o Campeonato Sul brasileiro de Optimist no ano de 1999, com a participação de todos os integrantes da escolinha.

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